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A mutilação autorizada
* Por Mary Camata Uma coisa que vi na internet esses dias me deixou chocada. Mais uma vez vasculhando nesse mundo infame e viciante da Internet, me deparei com adolescentes comentando em páginas pessoais sobre tatuagens feitas como prova de amor a determinadas bandas. Quando eu era criança, a palavra tatuagem era sinônimo de agressão ao corpo, pelo menos a mídia explorava isso e, pra quem não sabe, a Igreja Católica na Idade Média baniu a tatuagem da Europa, sendo considerada como uma prática demoníaca, comumente caracterizando-a como prática de vandalismo no próprio corpo, firmando na sua doutrina de uma forma quase ditatorial, o que hoje em dia, nada mais é do que você fazer desenhos ?permanentes? na sua pele, o que eu não vejo nada demais, até porque sou adepta da arte da tatuagem. Não existe uma motivação definida para que se defina o desejo para a escolha de uma tatuagem. Cada pessoa tem sua influência cultural, esotérica, sentimental, espiritual, ideológica, religiosa, sexual ou social para realizar a sua tatuagem, mas a característica mais preocupante e que afeta a mente dos adolescentes é o modismo. Jovens de hoje alienados com o modismo de querer ser e ter tudo igual ao que outros têm.Uma inversão de valores caracterizada pela fase juvenil, onde um monte de confusos "indivíduos" querem ser todos do mesmo jeito, ter as mesmas roupas, o mesmo corte de cabelo ou o mesmo jeito de falar. Estes são os seres mais influenciados e os seres mais atacados pela mídia diariamente bombardiados por bandas que fazem um som igual e vestem roupas coloridas, por revistas que estampam rostinhos bonitinhos de garotos que muitas vezes trabalham como modelo em eventos e acabam virando produto de venda para os donos de revistas. Até que ponto esta sedução faz bem? Pois bem, voltando ao meu estado de choque do começo do artigo quando me deparei com fotos de meninas que estão tatuando nomes de bandas recém lançadas no mercado, que na maioria das vezes, não duram três primaveras. Outras, por mais incrível que pareça, tatuaram nomes de ex-BBBs, pessoas que participaram de realitys shows, que não ganharam o premio. Como essas celebridades instantâneas se tornam referência de vida para outras pessoas? Parece mentira, quem dera fosse, e o pior de tudo é que são jovens que estão começando a engatinhar, que não saíram da escola, que ainda vão decidir uma faculdade a fazer, uma profissão e a entrar no mercado de trabalho. Imaginem quando uma dessas adolescentes, daqui 10 anos, com o braço tatuado ?Restart? for procurar um emprego, será que essa banda ainda vai existir ou ela ainda vai ter trocado sua ?paixão forever? por outra banda durante a adolescência. Alguns, pelos pais não deixarem fazer tatuagem, fazem escondido ou ainda se cortam (automutilação) escrevendo o nome do seu ídolo no corpo. Será que os pais desses adolescentes enxergam o que está acontecendo ou será que, a correria do dia a dia não os deixa perceber a alienação em que seus filhos podem estar vivendo? Para finalizar o meu artigo, o psicólogo Ângelo Valdney Coelho, contribuindo dando um conselho aos que mais precisam: Os pais! ?Primeiramente a tatuagem para alguns indivíduos representa, em alguns casos, alguma ideologia, servindo para chama atenção de uma grande massa e que geralmente o tatuado, no decorrer dos tempos vai se arrepender profundamente do símbolo feito no seu corpo. Do ponto de vista dos menores de idade, eles não são capazes de decidirem por si próprio a sua tatualização. Na verdade, é que lamentavelmente existe um modismo de várias situações, além disso, a criança tendi a modelar aquilo que os adultos fazem, principalmente os pais, cantores, bandas de rock, atores e outros, criando assim uma variação de comportamento inadequado para crianças e adolescentes. Os pais precisam ficar atentos e resgatar o conceito de família, estando mais próximo dos filhos, oferecendo atenção, carinho e afetividade de forma geral.?, disse o psicólogo, alertando que os pais devem participar da vida dos seus filhos. Uma parte da culpa é da mídia, mas não temos como enfiar dentro da cabeça de cada um desses adolescentes, a besteira que eles podem estar fazendo hoje, mas podemos tentar alertar e ajudar eles (e os próprios pais) a pensarem nas consequências de amanhã. * Mary Camata é jornalista pós-graduada e fotógrafa. Twitter: @marycamata ...


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